Começa, desde já, por ser estranho que até ao dia da inauguração da feira não tenha existido, em Aljubarrota, nenhuma informação sobre a ceia.
Aparece, muito ao de leve, uma referência a este facto nos panfletos que se encontram em alguns estabelecimentos comerciais da zona, não contendo, no entanto qualquer informação concreta sobre a dita ceia.
Mas, tal como eu referi, o site da radio cister apareceu um outro prospecto que, nas freguesias, ninguém viu:
aqui já nos dão mais informação (mas nem todos têm acesso à net).
Agora sim- a câmara municipal está de parabéns!
Pois é verdade – seguiram á risca o que se passava em 1385:
- o povo era um instrumento de trabalho pois não se podia misturar com os grandes senhores (estamos a falar da nobreza e da burguesia, claro!).
Ao povo competia a tarefa de trabalhar, sempre sem fazer perguntas ou reivindicar algo (até porque os sindicatos e a liberdade de expressão apenas aparecem alguns séculos depois, em 1974).
- o bom repasto era apenas para a burguesia e para a nobreza.
Agora digam lá:- não é o que está a acontecer na ceia medieval? Claro que é!
Só os ricos e poderosos podem gastar 25€ num repasto (por muito bom que ele seja, e não podemos dizer que o não é!) quando se tem uma pensão mensal de 200€.
Então este repasto só pode ser direccionado para 3 classes:
- os nobres – aquela classe que trabalha em redor do rei e senhor e que, como convidados do rei nada têm a pagar
- os burgueses – que vivem de rendas e que podem gastar qualquer valor só para aparecer na corte (isto porque ainda não haviam colunas sociais nos jornais nem revistas cor-de-rosa na época medieval)
- os novos ricos – uma classe que surge na história e que vai proliferando, ao longo dos séculos (sendo a única que perdura até ao sec XXI) e que não se importam de dar 25 € por uma refeição, nem que tenham de ficar o resto do mês com as carteiras vazias.
Mas, até pensei que, com este valor tão elevado para uma simples ceia medieval (onde, se se tentar retractar fielmente a época, até temos de comer com as mãos e limpar a boca á roupa) teríamos o prazer de ver sentado no topo da mesa o descendente do rei de Portugal, D. Duarte Nuno. Pelos vistos não! Mas também não consigo imaginar quem terá a coragem de ocupar este lugar na mesa. Algum figurante, ou algum figurão?
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